terça-feira, 12 de março de 2013

Adaptação de A República de Platão, livro 7, Platão


Adaptação de A República de Platão, livro 7, Platão
Por Gabriel Chalita

                Vamos imaginar um grupo de pessoas morando numa caverna. Os moradores estão aí desde sua infância, presos por correntes nas penas e no pescoço. Assim, eles não conseguem mover-se nem virar a cabeça para trás; só podem ver o que se passa a sua frente. A luz que chega ao fundo da caverna vem de uma fogueira que fica sobre um monte atrás dos prisioneiros, lá fora. Entre esse fogo e os moradores da caverna, existe um caminho, com um pequeno muro, semelhante ao tabique atrás do qual os apresentadores de fantoches se colocam para exibir seus bonecos ao público.
                Agora imagine que por esse caminho as pessoas transportam sobre a cabeça objetos de todos os tipos: por exemplo, estatuetas de figuras humanas e de animais. Numa situação como essa, a única coisa que os prisioneiros poderiam ver e conhecer seriam as sombras projetadas na parede a sua frente.
                Se eles pudessem conversar entre si, diriam que eram objetos reais as sombras que estavam vendo. Além disso, quando alguém falasse lá em cima, os prisioneiros pensariam que os sons eram emitidos pelas sombras.
                Pense agora no que aconteceria se libertassem um dos presos e o forçassem a ir para fora da caverna. Ofuscado, ele sofreria, não conseguindo perceber os objetos dos quais só conhecera as sombras. Ele precisaria habituar-se à luz para olhar as coisas no exterior da caverna. A princípio, veria melhor as sombras. Depois, refletida nas águas, perceberia a imagem dos homens e dos outros seres. Só mais tarde é que conseguiria os próprios seres. Depois de passar por essa experiência, durante a noite ele poderia contemplar o céu, as estrela e a Lua, com muito mais facilidade do que o Sol e a luz do dia.
                Imagine então que esse homem voltasse à caverna e se sentasse em seu antigo lugar. Ao retornar para o fundo, ele ficaria temporariamente cego em meios às trevas. Enquanto ainda estivesse com a vista confusa, seus companheiros ririam dele se tentasse convencê-los sobre a verdadeira realidade das coisas que ali são vistas como sombras. Os prisioneiros diriam que a subida para o mundo exterior lhe prejudicara a vista e que, portanto, não valia a pena chegar até lá.

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